domingo, 30 de setembro de 2012

SOBRE MEUS MEDOS


Tenho medo do bocejo demasiado longo;
Que quebra o rítimo do passo premeditado;
Que desfaz o laço e perde o compasso;
Tenho medo de não deixar legados;
De não encontrar abrigo para meu inquieto espírito;
Nem repouso para meu efêmero corpo;
Tenho medo da intensidade reprimida;
Da cumplicidade falida;
Diante da companheira escolhida;
Do beijo insosso;
Do sexo pudico;
Da falta de tempo;
Da falta de retorno;
Do entusiasmo sucumbido;
Frente aos ponteiros de um insaciável relógio;
Que nos mata a cada segundo;
Tenho medo de não poder falar;
De não poder me expressar;
De ser coagido;
Naquilo que não acredito;
De tiver que dizer sim enquanto penso em não;
E ver pedaços de mim caírem e se quebrarem no chão;
Tenho medo da coisa morna;
Que nunca esquenta e jamais aquece;
Da coisa sem vida;
Sem êxtase;
Da falta de magia;
O fim da poesia;
Tenho medo das coisas estáticas;
Daquilo que não se move;
Da inércia demasiada;
Que não traz o novo;
Nem reinventa o velho;
Tenho medo de não poder fazer  melhor ;
Aquilo que faço;
De não ousar naquilo que poderia;
Como ver um pouco mais;
Ouvir um pouco mais;
Sentir um pouco mais;
Experimentar um pouco mais;
Ser paciente um pouco mais;
E é claro viver sempre mais;
Tenho medo de ter que ler os mesmos livros;
De ter que ouvir as mesmas músicas;
E contemplar as mesmas cenas;
Por falta de criação ou opção;
Tenho medo de repetir os mesmos erros;
De não se transformar naquilo desejei;
E sentir saudades de um tempo que supostamente desperdicei;
E não me perdoar por ter tentado;
Tenho medo desta triste sina;
De tentativas frustradas;
E sonhos dissolvidos;
Por um câncer chamado ansiedade;
Que se alastra feito metástase;
Nas mãos trêmulas;
No coração acelerado;
No peso sobre o peito;
Na respiração alterada;
De auto-sabotagens;
E condenações sumárias;
Tenho medo de ser esquecido;
Antes que compreendido;
De não encontrar terra fértil;
Para espalhar meu esplendedor;
De amante eterno;
De energia canalizada a mulher amada;
E mostrar meu amor;
Tenho medo de não poder compartilhar;
Tudo que sei;
Tudo que aprendi;
Tudo que sonhei;
O amor que desejei;
Tenho medo de ter que conviver comigo;
E ter o vento como meu eterno amigo
E como saída;
Se expressar em medíocres poesias;
Imaginando como tudo seria;
Sem essas perturbadoras fobias;
E se um dia disserem;
Que meus medos são frutos de utopias;
Diria eu como um antigo poeta;
Sou feito da mesma matéria que os sonhos são feitos;
Mas não tenhas medo;
São só palavras;
De alguém que precisa compartilhar uma vida; 
Destes medos todos meus;
Eu diria ainda;
Quais são os seus?








sábado, 2 de junho de 2012

SENHOR DOS VENTOS


Venha senhor dos ventos;
Sopre nos meus ouvidos uma nova canção ;
Venha por mais distante que esteja;
Seguindo meus passos deste sinuoso caminho; 
Agora estou só no alto deste monte;
Meu corpo inerte e minha mente ativa;
Venha meu gentil vento;
E me leve para as alturas que só você conhece;
Me leve para além das tristezas que agora me segue;
Me mostre manhas e magias;
Que só com o tempo se conhece;
Não me deixe no vácuo do nada;
Sem ter como subir;
Nem mesmo onde cair;
Sopre rumo ao éter infinito;
Sereno e tranquilo;
Onde tudo faz sentido.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

ALIENAÇÃO


Entendo que a alienação hoje é quase que uma regra;
As pessoas vivem sem se dar conta de que estão vivas;
Depositam sua satisfação e felicidade num amanhã cada vez mais distante;
Como se fossem todos imortais;
Como se o tempo não passasse;
Olham o mundo como se estivessem a parte;
Veem os fatos como obras do acaso;
Desconhecem seus próprios universos;
Estranham seus próprios desejos;
Ignoram seus próprios limites;
Recusam a verdade em nome do falso conforto;
Vivem na superfície as vezes sabendo que o chão firme é mais embaixo;
Peças descartáveis de uma máquina voraz;
Você já tentou viver sem fazer parte?



.DISTURBO DA DEFICIT DALL'ATTENZIONE E  IPERATTIVITÀ
La poesia, filosofia, religione, rock i cronica

sexta-feira, 13 de abril de 2012

ANJO DE MIM


É ele;
Voando alto e machucado;
Sem limite e alucinado;
Anjo poeta tão nobre e sem auréola;
É ele;
Anjo louco de asas raspando ao chão;
Flechado em seu coração;
Anjo criança, que não pensa como criança;
Anjo frustrado de corpo em chamas;
Olhos de pedra,
Que faz de sua vida  grandes histórias;
É ele;
O anjo do feitiço;
Do dia que o Sol brilhou;
E a chuva não parou;
Que anseia por liberdade;
Enfeitiçado por olhos de jade;
Anjo angustiado;
Que voa entre nuvens de dias nublados;
É ele;
Anjo transcendente;
Que segue sempre em frente;
Pelos céus circulante;
Voando alto e machucado;
Sem limites e alucinado;
Pobre diabo anjo de mim.


sábado, 24 de março de 2012

DOIS SÓIS NUM POR DO SOL


Olho para o céu e não vejo  apenas estrelas;
Esferas longínquas giram no éter infinito;
Mundos distintos a procura de evolução;
Vejo olhos claros translúcidos como um puro mel;
Eles refletem a luz de um céu que um dia conheci;
Ecos de um tempo distante;
Ressoam em meu ouvido sensações que já vivi;
No alinhamento dos astros uma simbiose;
No atrito dos corpos simples osmose;
Tudo parece ser tão simples e ao mesmo tempo tão confuso;
Tão claro e tão obscuro;
Órbitas não delineadas se cruzam;
Se alinham, se acasalam;
Rompem limites, destroem barreiras alteram a natureza;
Dois astros, duas estrelas, duas almas;
Fecho os olhos e vejo dois sóis num por do sol;
Energia bruta em constante excitação;
Sumimos á vista quando o horizonte nos encobre;
Nos encontramos quando o meio dia já nos consome;
Almas errantes a procura de compreensão;
Perdidas nesta existência de alegria e desilusão;
Há mundos que estão face a face com o Sol;
E mesmo assim não sentem o seu calor;
Há mundo tão remotos, tão a esmo;
Porém tão fascinantes que sentem o calor;
De sóis ainda mais distantes;
Por vezes me entrego ao silêncio e ouço o vento soprar;
Assim como quem procura palavras perdidas no ar;
Pode dois sóis ocupar um mesmo lugar?
Somos fragmentos de uma mesma estrela;
Peças impares de um raro quebra-cabeças;
Coragem que me poe em cheque;
Natureza de uma vez por todas alterada;
Não seremos mais os mesmos;
Face a face somos quase um;
Orbitas tardias que se cruzaram;
Num espaço restrito e já definido;
Agora a madrugada avança;
Impondo seu silêncio;
Da janela de um quarto vazio;
Vejo um céu nublado e uma briza fria sopra;
Você sabe.... nestas horas não há para onde correr;
A confusão que sinto é tanta que não se pode explicar;
Os pensamentos invadem minha mente;
E tão logo caem ao chão;
Sem que eu possa controlar;
Mas tudo isso são coisas que alguns devem passar;
E viver e não mais esquecer;
Agora espero por um novo amanhã;
Que por vezes se torna meio conflitante;
Queria abrir meus olhos diante dos teus olhos;
E ver dois sóis num por do sol;
Dois sóis, um por do sol;
Dois sóis.





quarta-feira, 14 de março de 2012

MUNDO VORAZ


Despertai das coisas que são de baixo;
Acordai para as coisas que são de cima;
Já dizia um grande homem;
Das terras quentes da antiga Palestina;
Hoje este velho mundo lhe abraça;
E lhe deseja mais do que nunca;
Com seus braços fortes;
E seus truques quase que irresistíveis;
Hoje esse velho mundo lhe comanda;
E lhe tem sob seu controle;
Como máquina voraz ;
Ceifadora de momentos felizes;
E prazeres ocasionais;
Produzindo neuras e medos;
Neufráticos e psicastênicos;
Você é só mais uma peça;
Nesta imensa engrenagem;
Ele lhe diz o que é certo;
E o que deve se fazer;
De forma suave;
De maneira oculta;
Sem que percebas;
Nos inúmeros sistemas que te moldam;
E como fé cega seguis e obedeceis sem questionar;
Regras e condutas a que submeter;
Por isso me afasto;
Por isso observo;
Por isso eu grito;
Se não queres ser mais um;
É melhor se subverter;
Subverta-se no silêncio;
E beba da amarga razão;
Viva a essência que vem e que paira;
No vento que agora em seu ouvido sopra;
Como um velho juiz trajando sua negra toga;
Com  olhos de ganância;
E jeito de inquisidor;
Ele lhe sentencia à sua revelia;
À sua guisa o seu susseso;
Ou o seu fracasso;
Sedento de almas e mentes;
Ele pensa por você ;
E diz o Deus a que temer;
Subtraem toda cor e sentido;
E logo não há mais poesia nem primavera;
Só uma brisa fria carregada de nostalgia;
Bombardeia diuturnamente milhões de mentes;
Com milagres e utopias;
Violenta a essência e diz que é uma questão de preferência;
Por isso me afasto;
Por isso observo;
Por isso eu grito;
A manada corre sem razão;
Na direção que o primeiro aponta;
Viva neste mundo como não se fosse dele;
Já dizia um grande homem;
Das terras quentes da velha Palestina.




quarta-feira, 7 de março de 2012

PALAVRAS AO VENTO (introduçao)


E a busca da essência das coisas que pairam no ar;
Que tornam nossos momentos nesta existência mais felizes, mais sublimes, mais sensatos;
É  o depoimento de sonhos e desejos que se formaram com o tempo;
E por vezes esbarraram na incompreensão no medo e na alienação  de um mundo cada vez mais voraz;
É a sensibilidade gritando sua hemorragia desenfreada;
Frente a multidão cega e surda;
São os opostos que nos acompanham durante cada segundo de nossas vidas;
E por vezes não nos damos conta;
É a descoberta do que até então era apenas uma ilusão;
É a história encenada nos palcos da vida;
Onde o espectador na verdade sempre esteve ausente;
São as cores e formas de uma mente eloquente;
É a trilha sonora que em verdade jamais foi ouvida e se perdeu com o tempo;
É a poesia rabiscada através de palavras que foram ditas;
E encontraram ouvidos não na pessoa;
Mas nas trilhas  dos ventos;
Que nos caminham sopraram;
E tão logo...
Como nuvens se desfizeram.


segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

SEMANA DE ARTE MODERNA DE 1922 "90 anos"


Aqui uma homenagem a grandes artistas que ainda nos anos 20 decidiram inovar, mudar, romper com o tradicional dando origem ao modernismo genuinamente brasileiro e por consequência o movimento antropofágico em que consistia em devorar todas culturas, comer o que era estrangeiro e regurgitar a propia cultura, eram eles poetas, músicos, pintores, escultores etc. Vila Lobos, Anita Malfati, Di Cavalcanti, Mario de Andrade , Osvald de Andrade e muitos outros, aqui o registro e saudação pelos 90 anos comemorados neste mês por este marco que mudou a arte brasileira.
"Como seria a vida sem a arte que nos alivia"

domingo, 12 de fevereiro de 2012

LOUCO CORAÇAO


As chaves se perderam;
Os muros se ergueram;
Pulsando em ritmos estranhos;
Ofuscaram os olhos castanhos;
Ainda hoje andei na inspiração;
Pois amanha eu sei que sera uma ilusão;
Ha uma imensidão a espera de libertação;
Existe um coração em mutação;
Tangenciei o precipício em busca de um novo inicio;
Gritei no espaço em busca de novos passos;
Paredes e bloqueios impediram de ver meus   antigos laços;
Coração tristonho em descompasso medonho;
Forças o impedem de lutar;
Mesmo assim não deixa de pulsar;
Ao meu redor existe uma multidão;
Sempre a espera de paixão;
E neste coração sempre uma interrogação;
Pode uma estrela ser maior que o universo que vive?
Agora voos rasantes vieram me mostrar que é hora de mudar;
Imensidão vazia a espera de povoamento;
Paredes frias a espera do desmoronamento;
Coração alado voa em espaço curto de céu limitado;
Você vê que os muros se ergueram e ainda não cederam?
Você vê que elas já o amaram, mas elas já o perderam?
Rompa com os limites da prisão;
Destrua as algemas da solidão;
Sinta o batimento te elevar;
Sem medo de errar;
Coração fechado;
Coração alado;
Voe em dias ensolarados
Voe em céus ilimitados.





terça-feira, 31 de janeiro de 2012

SONHOS CONTIDOS



São tantos devaneios;  
Distorcendo a realidade;
Anestesiando a alma;
Amenizando a dor;
Essa necessidade imediata;
Essa inquietação inata;
São tantos delírios;
Delineando outra estória;
Refazendo a trajetória;
Redescobrindo o caminho;
Essa dor que dilacera;
Essa culpa que desespera;
São tantos pensamentos;
Abrigando sonhos febris de juventude;
Viajando por mundos distantes;
Desvendando mistérios insondáveis;
Essa energia contida;
Essa intensidade reprimida;
São tantos sonhos;
Contrariando as previsões;
Revelando a essência;
Elevando o espírito;
Essa busca pela tal felicidade;
Um sentimento exposto;
Anunciando um amor;
Que acalenta e engrandece.

rsf.

sábado, 21 de janeiro de 2012

CAMINHOS NO ESPAÇO


Caminhos tortos aqui me trouxeram;
Caminhos no espaço aqui estamos;
Caminhos errantes em noites de anos distantes;
Paixões mal vividas lágrimas não esquecidas;
Na metamorfose do tempo permanecemos os mesmos;
Será que poderemos um dia entender;
O que nossos olhos não conseguiram ver?
Você sabe, as vezes nada parece fazer sentido;
Caminhos que no passado abrimos;
Hoje nos perdemos;
Até onde conseguiremos ir?
Nos tornamos apenas alvo na mira de interesses,
Corpos em evidência;
Palavras em decadência;
Você não poderia partir sem antes me ouvir;
Embora saiba dos excessos que cometi;
Quando algum dia procurar alguém para se lembrar;
Lembrarei das mulheres que um dia tentaram me amar;
Mesmo que seja tarde;
Existem lembranças que podem nos achar;
Quando o deserto se torna um grão;
E você se sente só em meio a multidão;
Só existe razão para a solidão;
Agora sussurra o vento em meu ouvido atento; 
E meus pensamentos se vão junto a brisa de aço ;
Deixando um longo e interminável rastro;
Perdidos em meus caminhos no espaço.


quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

DURMA SUAVE CRIANÇA


Durma suave criança;
Na beira do leito da loucura;
Os pássaros cantam para que você possa dormir;
Ouça a sinfonia e comece a refletir;
Hoje o homem repousa dentro da criança;
E atrás dos seus lacrimejantes olhos;
O poeta se esconde;
Durma doce criança;
Hoje o Sol se deitou mais cedo;
E levou junto minha frágil esperança de lhe ver;
As noites estão cada vez mais longas;
E na escuridão delas;
Meu espírito se desdobra atrás de consolo;
Não chore suave criança;
Não chore mais por esta noite;
Agora é tarde;
Há olhos que se fecham;
Para que outros possam  se abrir;
O vento te convida a ir;
É hora de partir;
Durma com o vento;
Sonhando com um novo tempo. 



terça-feira, 3 de janeiro de 2012

DESINTEGRAÇAO


Existe um lapso da ilusão que um dia você conheceu;
Existe um caminho rumo a desintegração;
Você grita e sua voz ecoa em meio a multidão;
Você corre e seus passos se perdem do seu destino final;
Você tenta pensar e seu raciocínio tenta lhe assassinar;
Você precisa voar mas suas asas parecem se atrofiar;
Você gosta mas se esqueceu de como amar;
Talvez você espere alguém lhe acordar;
Talvez você espere o passado lhe visitar;
Seus olhos não vêem o que você tem;
Suas lágrimas caem e abrem valetas;
Marcas esculpidas em faces envelhecidas;
A razão aos poucos se vai e algo de estranho lhe atrai;
Você pensa na realidade como algo distante;
E se esquece da vida por alguns instantes;
Trincheiras cavadas em dias de lutas;
Vem te lembrar que a batalha ainda não acabou;
Olhando através do retrovisor da vida;
Você vê seu pedaços ficando ao longo desta infinita estrada;
Como átomos em desintegração;
E neste céu sempre nublado;
Um longo filme se projeta;
E através das cenas você se transporta a infância;
Você agora pode se lembrar?
Onde você deixou sua sanidade?
Onde você deixou seus sentimentos;
Por onde andam seus pensamentos?
Perambulando vazio e assustado;
Fugindo da extinção;
Em caminhos precoces da desintegração.






ATTENTION DEFICIT HIPERACTIVITY DISORDER

Poeszie, rock, filosofie, kronieken van een onrustige geest