quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

NÃO HÁ



Não ha cantos esquecidos,
Nem lugares sombrios,
Que um poeta
Antes não tenha percorrido.

domingo, 30 de setembro de 2012

SOBRE MEUS MEDOS


Tenho medo do bocejo demasiado longo;
Que quebra o rítimo do passo premeditado;
Que desfaz o laço e perde o compasso;
Tenho medo de não deixar legados;
De não encontrar abrigo para meu inquieto espírito;
Nem repouso para meu efêmero corpo;
Tenho medo da intensidade reprimida;
Da cumplicidade falida;
Diante da companheira escolhida;
Do beijo insosso;
Do sexo pudico;
Da falta de tempo;
Da falta de retorno;
Do entusiasmo sucumbido;
Frente aos ponteiros de um insaciável relógio;
Que nos mata a cada segundo;
Tenho medo de não poder falar;
De não poder me expressar;
De ser coagido;
Naquilo que não acredito;
De tiver que dizer sim enquanto penso em não;
E ver pedaços de mim caírem e se quebrarem no chão;
Tenho medo da coisa morna;
Que nunca esquenta e jamais aquece;
Da coisa sem vida;
Sem êxtase;
Da falta de magia;
O fim da poesia;
Tenho medo das coisas estáticas;
Daquilo que não se move;
Da inércia demasiada;
Que não traz o novo;
Nem reinventa o velho;
Tenho medo de não poder fazer  melhor ;
Aquilo que faço;
De não ousar naquilo que poderia;
Como ver um pouco mais;
Ouvir um pouco mais;
Sentir um pouco mais;
Experimentar um pouco mais;
Ser paciente um pouco mais;
E é claro viver sempre mais;
Tenho medo de ter que ler os mesmos livros;
De ter que ouvir as mesmas músicas;
E contemplar as mesmas cenas;
Por falta de criação ou opção;
Tenho medo de repetir os mesmos erros;
De não se transformar naquilo desejei;
E sentir saudades de um tempo que supostamente desperdicei;
E não me perdoar por ter tentado;
Tenho medo desta triste sina;
De tentativas frustradas;
E sonhos dissolvidos;
Por um câncer chamado ansiedade;
Que se alastra feito metástase;
Nas mãos trêmulas;
No coração acelerado;
No peso sobre o peito;
Na respiração alterada;
De auto-sabotagens;
E condenações sumárias;
Tenho medo de ser esquecido;
Antes que compreendido;
De não encontrar terra fértil;
Para espalhar meu esplendedor;
De amante eterno;
De energia canalizada a mulher amada;
E mostrar meu amor;
Tenho medo de não poder compartilhar;
Tudo que sei;
Tudo que aprendi;
Tudo que sonhei;
O amor que desejei;
Tenho medo de ter que conviver comigo;
E ter o vento como meu eterno amigo
E como saída;
Se expressar em medíocres poesias;
Imaginando como tudo seria;
Sem essas perturbadoras fobias;
E se um dia disserem;
Que meus medos são frutos de utopias;
Diria eu como um antigo poeta;
Sou feito da mesma matéria que os sonhos são feitos;
Mas não tenhas medo;
São só palavras;
De alguém que precisa compartilhar uma vida; 
Destes medos todos meus;
Eu diria ainda;
Quais são os seus?








sábado, 2 de junho de 2012

SENHOR DOS VENTOS


Venha senhor dos ventos;
Sopre nos meus ouvidos uma nova canção ;
Venha por mais distante que esteja;
Seguindo meus passos deste sinuoso caminho; 
Agora estou só no alto deste monte;
Meu corpo inerte e minha mente ativa;
Venha meu gentil vento;
E me leve para as alturas que só você conhece;
Me leve para além das tristezas que agora me segue;
Me mostre manhas e magias;
Que só com o tempo se conhece;
Não me deixe no vácuo do nada;
Sem ter como subir;
Nem mesmo onde cair;
Sopre rumo ao éter infinito;
Sereno e tranquilo;
Onde tudo faz sentido.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

ALIENAÇÃO


Entendo que a alienação hoje é quase que uma regra;
As pessoas vivem sem se dar conta de que estão vivas;
Depositam sua satisfação e felicidade num amanhã cada vez mais distante;
Como se fossem todos imortais;
Como se o tempo não passasse;
Olham o mundo como se estivessem a parte;
Veem os fatos como obras do acaso;
Desconhecem seus próprios universos;
Estranham seus próprios desejos;
Ignoram seus próprios limites;
Recusam a verdade em nome do falso conforto;
Vivem na superfície as vezes sabendo que o chão firme é mais embaixo;
Peças descartáveis de uma máquina voraz;
Você já tentou viver sem fazer parte?



.DISTURBO DA DEFICIT DALL'ATTENZIONE E  IPERATTIVITÀ
La poesia, filosofia, religione, rock i cronica

sexta-feira, 13 de abril de 2012

ANJO DE MIM


É ele;
Voando alto e machucado;
Sem limite e alucinado;
Anjo poeta tão nobre e sem auréola;
É ele;
Anjo louco de asas raspando ao chão;
Flechado em seu coração;
Anjo criança, que não pensa como criança;
Anjo frustrado de corpo em chamas;
Olhos de pedra,
Que faz de sua vida  grandes histórias;
É ele;
O anjo do feitiço;
Do dia que o Sol brilhou;
E a chuva não parou;
Que anseia por liberdade;
Enfeitiçado por olhos de jade;
Anjo angustiado;
Que voa entre nuvens de dias nublados;
É ele;
Anjo transcendente;
Que segue sempre em frente;
Pelos céus circulante;
Voando alto e machucado;
Sem limites e alucinado;
Pobre diabo anjo de mim.


sábado, 24 de março de 2012

DOIS SÓIS NUM POR DO SOL


Olho para o céu e não vejo  apenas estrelas;
Esferas longínquas giram no éter infinito;
Mundos distintos a procura de evolução;
Vejo olhos claros translúcidos como um puro mel;
Eles refletem a luz de um céu que um dia conheci;
Ecos de um tempo distante;
Ressoam em meu ouvido sensações que já vivi;
No alinhamento dos astros uma simbiose;
No atrito dos corpos simples osmose;
Tudo parece ser tão simples e ao mesmo tempo tão confuso;
Tão claro e tão obscuro;
Órbitas não delineadas se cruzam;
Se alinham, se acasalam;
Rompem limites, destroem barreiras alteram a natureza;
Dois astros, duas estrelas, duas almas;
Fecho os olhos e vejo dois sóis num por do sol;
Energia bruta em constante excitação;
Sumimos á vista quando o horizonte nos encobre;
Nos encontramos quando o meio dia já nos consome;
Almas errantes a procura de compreensão;
Perdidas nesta existência de alegria e desilusão;
Há mundos que estão face a face com o Sol;
E mesmo assim não sentem o seu calor;
Há mundo tão remotos, tão a esmo;
Porém tão fascinantes que sentem o calor;
De sóis ainda mais distantes;
Por vezes me entrego ao silêncio e ouço o vento soprar;
Assim como quem procura palavras perdidas no ar;
Pode dois sóis ocupar um mesmo lugar?
Somos fragmentos de uma mesma estrela;
Peças impares de um raro quebra-cabeças;
Coragem que me poe em cheque;
Natureza de uma vez por todas alterada;
Não seremos mais os mesmos;
Face a face somos quase um;
Orbitas tardias que se cruzaram;
Num espaço restrito e já definido;
Agora a madrugada avança;
Impondo seu silêncio;
Da janela de um quarto vazio;
Vejo um céu nublado e uma briza fria sopra;
Você sabe.... nestas horas não há para onde correr;
A confusão que sinto é tanta que não se pode explicar;
Os pensamentos invadem minha mente;
E tão logo caem ao chão;
Sem que eu possa controlar;
Mas tudo isso são coisas que alguns devem passar;
E viver e não mais esquecer;
Agora espero por um novo amanhã;
Que por vezes se torna meio conflitante;
Queria abrir meus olhos diante dos teus olhos;
E ver dois sóis num por do sol;
Dois sóis, um por do sol;
Dois sóis.