Os opostos não são filhos do acaso nem caminham a esmo;
São apenas faces de uma mesma verdade;
Assim como o poente anuncia a noite para logo o nascente pintar o novo dia;
Separados por um breve momento perdido no espaço e no tempo;
Que tempo separa a felicidade da tristeza?
Se agora meu riso se torna um canto e logo meu silêncio faz-se pranto;
Que tempo separa a juventude da velhice?
Se há tantos jovens que são tão velhos e velhos que ainda são tão jovens;
Até ontem me sentia uma fortaleza;
Bastou um novo dia, uma nova roupa, uma nova cena;
Agora já escravo da fraqueza;
E o que falar da coragem que embalou sonhos;
E empurrou multidões e na reta final;
Tropeçou no medo e se desfez como castelos na areia;
Que espaço, que tempo é esse que determina a glória do fracasso?
A razão da loucura?
A ordem do caos?
Agora vejo o passado como cinzas de um combustível já queimado;
E o futuro como um desenho inacabado, feito a lápis prestes a ser alterado;
O que me resta é o hoje é o agora;
Pois o que é hoje amanhã não mais;
O que hoje você tem sob controle;
Amanhã escapa por entre seus dedos;
Que tal viver, que tal fazer, que tal amar como se fosse a última vez?
Se a vida é feita de forças, sentidos e emoções opostas;
De pequenos e grandes paradigmas e paradoxos;
Como pode o mesmo ar que mantém vivo;
Que revigora minhas células é o mesmo que me mata?
De maneira calma e serena sem que eu perceba;
Que linha tênue separa a vida da morte?
Se o tempo que nos é dado foge ao nosso controle;
E corre de maneira contínua e furtiva;
Os opostos andam lado a lado;
O que de fato a vida escolhe?
O que de fato nós escolhemos?
Hoje eu vivo, talvez ainda hoje eu morra.
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