sábado, 24 de março de 2012

DOIS SÓIS NUM POR DO SOL


Olho para o céu e não vejo  apenas estrelas;
Esferas longínquas giram no éter infinito;
Mundos distintos a procura de evolução;
Vejo olhos claros translúcidos como um puro mel;
Eles refletem a luz de um céu que um dia conheci;
Ecos de um tempo distante;
Ressoam em meu ouvido sensações que já vivi;
No alinhamento dos astros uma simbiose;
No atrito dos corpos simples osmose;
Tudo parece ser tão simples e ao mesmo tempo tão confuso;
Tão claro e tão obscuro;
Órbitas não delineadas se cruzam;
Se alinham, se acasalam;
Rompem limites, destroem barreiras alteram a natureza;
Dois astros, duas estrelas, duas almas;
Fecho os olhos e vejo dois sóis num por do sol;
Energia bruta em constante excitação;
Sumimos á vista quando o horizonte nos encobre;
Nos encontramos quando o meio dia já nos consome;
Almas errantes a procura de compreensão;
Perdidas nesta existência de alegria e desilusão;
Há mundos que estão face a face com o Sol;
E mesmo assim não sentem o seu calor;
Há mundo tão remotos, tão a esmo;
Porém tão fascinantes que sentem o calor;
De sóis ainda mais distantes;
Por vezes me entrego ao silêncio e ouço o vento soprar;
Assim como quem procura palavras perdidas no ar;
Pode dois sóis ocupar um mesmo lugar?
Somos fragmentos de uma mesma estrela;
Peças impares de um raro quebra-cabeças;
Coragem que me poe em cheque;
Natureza de uma vez por todas alterada;
Não seremos mais os mesmos;
Face a face somos quase um;
Orbitas tardias que se cruzaram;
Num espaço restrito e já definido;
Agora a madrugada avança;
Impondo seu silêncio;
Da janela de um quarto vazio;
Vejo um céu nublado e uma briza fria sopra;
Você sabe.... nestas horas não há para onde correr;
A confusão que sinto é tanta que não se pode explicar;
Os pensamentos invadem minha mente;
E tão logo caem ao chão;
Sem que eu possa controlar;
Mas tudo isso são coisas que alguns devem passar;
E viver e não mais esquecer;
Agora espero por um novo amanhã;
Que por vezes se torna meio conflitante;
Queria abrir meus olhos diante dos teus olhos;
E ver dois sóis num por do sol;
Dois sóis, um por do sol;
Dois sóis.





quarta-feira, 14 de março de 2012

MUNDO VORAZ


Despertai das coisas que são de baixo;
Acordai para as coisas que são de cima;
Já dizia um grande homem;
Das terras quentes da antiga Palestina;
Hoje este velho mundo lhe abraça;
E lhe deseja mais do que nunca;
Com seus braços fortes;
E seus truques quase que irresistíveis;
Hoje esse velho mundo lhe comanda;
E lhe tem sob seu controle;
Como máquina voraz ;
Ceifadora de momentos felizes;
E prazeres ocasionais;
Produzindo neuras e medos;
Neufráticos e psicastênicos;
Você é só mais uma peça;
Nesta imensa engrenagem;
Ele lhe diz o que é certo;
E o que deve se fazer;
De forma suave;
De maneira oculta;
Sem que percebas;
Nos inúmeros sistemas que te moldam;
E como fé cega seguis e obedeceis sem questionar;
Regras e condutas a que submeter;
Por isso me afasto;
Por isso observo;
Por isso eu grito;
Se não queres ser mais um;
É melhor se subverter;
Subverta-se no silêncio;
E beba da amarga razão;
Viva a essência que vem e que paira;
No vento que agora em seu ouvido sopra;
Como um velho juiz trajando sua negra toga;
Com  olhos de ganância;
E jeito de inquisidor;
Ele lhe sentencia à sua revelia;
À sua guisa o seu susseso;
Ou o seu fracasso;
Sedento de almas e mentes;
Ele pensa por você ;
E diz o Deus a que temer;
Subtraem toda cor e sentido;
E logo não há mais poesia nem primavera;
Só uma brisa fria carregada de nostalgia;
Bombardeia diuturnamente milhões de mentes;
Com milagres e utopias;
Violenta a essência e diz que é uma questão de preferência;
Por isso me afasto;
Por isso observo;
Por isso eu grito;
A manada corre sem razão;
Na direção que o primeiro aponta;
Viva neste mundo como não se fosse dele;
Já dizia um grande homem;
Das terras quentes da velha Palestina.




quarta-feira, 7 de março de 2012

PALAVRAS AO VENTO (introduçao)


E a busca da essência das coisas que pairam no ar;
Que tornam nossos momentos nesta existência mais felizes, mais sublimes, mais sensatos;
É  o depoimento de sonhos e desejos que se formaram com o tempo;
E por vezes esbarraram na incompreensão no medo e na alienação  de um mundo cada vez mais voraz;
É a sensibilidade gritando sua hemorragia desenfreada;
Frente a multidão cega e surda;
São os opostos que nos acompanham durante cada segundo de nossas vidas;
E por vezes não nos damos conta;
É a descoberta do que até então era apenas uma ilusão;
É a história encenada nos palcos da vida;
Onde o espectador na verdade sempre esteve ausente;
São as cores e formas de uma mente eloquente;
É a trilha sonora que em verdade jamais foi ouvida e se perdeu com o tempo;
É a poesia rabiscada através de palavras que foram ditas;
E encontraram ouvidos não na pessoa;
Mas nas trilhas  dos ventos;
Que nos caminham sopraram;
E tão logo...
Como nuvens se desfizeram.